quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Restos de satélite ameaçam Estação Espacial


Os restos de um satélite de espionagem militar russo que estão abandonados podem causar transtornos para a Estação Espacial Internacional, na qual poderá ter que manobrar para fugir dos destroços.
De acordo com um porta-voz do Centro de Controle de Voos Espaciais Russo, veiculado no El Mundo, "Dois destroços do aparelho espacial Kosmos-2251 podem ameaçar a segurança da estação. Para evitar o lixo espacial pode ser necessário manobrar a Estação Espacial Internacional", explica.
Assim, se realmente for necessário, a plataforma terá que corrigir a órbita ainda hoje, com a colaboração do cargueiro europeu ATV. Em janeiro, a espação precisou mudar a sua órbita para não colidir com um fragmento do satélite norte-americano Iridium-33. Este mesmo satélite colidiu com o Kosmos, na qual agora está espalhando os seus destroços.
De acordo com os cientistas, mais de 700.000 fragmentos de lixo estão circulando no espaço. A Agência Espacial pretende catalogar os destroços para verificar a sua órbita afim de evitar colisões espaciais.

Aquecimento global pode matar 100 milhões de pessoas, aponta ONG

Um relatório divulgado ontem pela organização humanitária internacional Dara, que trabalha em defesa das populações vítimas de tragédias, catástrofes e mudanças climáticas, afirma que a falta de ações efetivas para conter o aquecimento global pode causar a morte de 100 milhões de pessoas em todo o mundo até 2030. O estudo, intitulado Monitor de Vulnerabilidade Climática (em tradução livre), foi encomendado pelo Fórum ClimaVulnerável, uma parceria de 20 países em desenvolvimento ameaçados pelos efeitos do aumento da temperatura no globo.

À medida que as temperaturas médias globais sobem devido às emissões de gases de efeito estufa, as consequências sobre o planeta, tais como derretimento de calotas de gelo, condições meteorológicas extremas, secas e elevação dos mares, vão ameaçar populações e meios de subsistência, afirma o relatório. O órgão calculou que 5 milhões de mortes ocorrem a cada ano devido à poluição do ar, à fome e a doenças resultantes das mudanças climáticas e das economias com uso intenso de carbono. E esse número provavelmente vai subir para 6 milhões por ano até 2030 se os atuais padrões de uso de combustíveis fósseis continuar.


México captura chefe do tráfico


O México anunciou a prisão de um dos traficantes mais procurados do país nesta quinta-feira. Ivan Velazquez Caballero é um dos líderes do ultraviolento cartel Zetas. Conhecido como "El Taleban", ele está envolvido em uma disputa pelo comando da quadrilha com Angel Trevino Morales, apelidado de "Z 40", conflito que, segundo autoridades, está por trás do recente aumento nos massacres e tiroteios pelo país.
A polícia disse que este é um duro golpe contra a facção. Os Zetas são um dos dois cartéis mais poderosos do México, junto com a Sinaloa. As duas quadrilhas disputam uma guerra sangrenta pelo controle de áreas de contrabando ao longo da fronteira com os Estados Unidos.
Caballero foi preso em uma operação de marines na cidade de San Luis Potosí, norte do México. Ele é o terceiro chefe do tráfico capturado neste mês. Os dois líderes do Cartel do Golfo, Mario Cardenas Guillen e Jorge Eduardo Costilla Sanchez também foram detidos no norte do país. As informações são da Associated Press.

Em dia mais sangrento desde início do conflito, mais de 300 morrem na Síria


Cairo, 27 set (EFE).- Mais de 300 pessoas morreram nesta quarta-feira na Síria, no dia mais sangrento desde o início da revolta contra o regime de Bashar al Assad em março de 2011, denunciaram os grupos da oposição.
Os Comitês de Coordenação Local informaram que 343 pessoas morreram vítimas da repressão das forças do regime, enquanto a Comissão Geral da Revolução Síria afirmou que este número foi de 313.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos indicou que durante o dia de ontem mais de 300 pessoas perderam a vida, das quais 211 eram civis e o restante combatentes da oposição e membros das forças pró-governo.
O diretor do Observatório, Rami Abdurrahman, confirmou à Agência Efe por telefone que a quarta-feira foi o dia mais sangrento desde o início da revolta contra o regime de Bashar al Assad.
Todas as organizações coincidiram que o maior número de mortos foi registrado em Damasco e sua periferia, embora também exista registro de vítimas em outras províncias do país, como Deir al Zur, Deraa, Hama, Aleppo, Homs e Idlib.
A Comissão afirmou que nas localidades de Barze e Ziabiya, nos arredores da capital, as forças leais ao presidente executaram famílias inteiras, da mesma forma que em Deir al Zur.
Os grupos da oposição informaram ontem que dezesseis pessoas de três famílias tinham sido executadas por disparos dos 'shabiha' (milicianos pró-governo) em Barze. Entre os mortos havia várias mulheres e menores de idade.
A Comissão ressaltou, além disso, que quinze pessoas detidas em Hama foram assassinadas e jogadas em um poço de água no bairro de Al Arbain.
Estas informações não puderam ser verificadas de forma independente devido às restrições impostas pelas autoridades sírias ao trabalho dos jornalistas.
Esses fatos coincidiram com um duplo atentado realizado ontem contra a sede do Estado-Maior em Damasco, que matou quatro guardas. A ação foi reivindicada pelo rebelde Exército Livre Sírio (ELS).
Além disso, o jornalista Maya Nasser, correspondente da televisão oficial iraniana em inglês 'PressTv', foi assassinado pelos disparos de um franco-atirador na capital síria, informou a própria emissora.
Neste incidente também ficou ferido o responsável do escritório da 'PressTv' e da televisão estatal iraniana em árabe 'Alalam' na capital síria, Hussein Mortada.
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Mesmo crescendo menos, emergentes continuam resistentes à crise, diz FMI


O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que as economias emergentes continuam resistentes aos efeitos da crise financeira, mesmo que suas taxas de crescimento já não sejam tão robustas quanto indicavam projeções passadas.
Em uma análise divulgada nesta quinta-feira, os economistas do Fundo argumentam que a fortaleza desse grupo de economias, embora tenha sido ajudada por fatores conjunturais, também reside em causas mais profundas: está ligada à adoção de políticas econômicas acertadas e, em linhas gerais, se deve a fatores mais duradouros.
'A resistência das economias emergentes e em desenvolvimento não é recente. Resulta de ganhos consistentes em desempenho ao longo das duas últimas décadas', concluem os pesquisadores, em um novo capítulo do relatório Panorama Econômico Mundial (World Economic Outlook).
As conclusões alimentam o debate sobre a capacidade dos países emergentes de manter seu ritmo de crescimento apesar do agravamento do cenário externo. Atualmente motores da economia mundial, este grupo de países está perdendo o fôlego.
Na mais recente rodada de previsões, em julho, o FMI rebaixou para 5,6% a previsão de crescimento dos emergentes em 2012. No ano passado, esse grupo de economias cresceu 6,2% e, em 2010, 7,5%.
Na segunda-feira, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que esta perda de dinamismo, combinada com problemas que ainda persistem na Zona do euro e com a falta de confiança na economia americana, implicará uma revisão para baixo nas novas projeções do Fundo - que serão divulgadas durante a sua reunião de outono, em outubro no Japão.
'Nós claramente ainda vemos uma recuperação gradual (da economia global)', disse Lagarde, 'mas o crescimento global que havíamos previsto deve ser ainda um pouco mais fraco do que esperávamos'.
Em julho, o Fundo cortou a projeção de crescimento global em 2013 para 3,9%, embora tenha mantido inalterada em 3,5% a estimativa para este ano.
Otimistas x céticos
Diante desse quadro de desaceleração, os técnicos do FMI analisaram seis décadas de expansão e contração de mais de 100 países emergentes e em desenvolvimento diante das crises.
Os mais céticos lembram que grande parte do crescimento deste grupo na última década se deveu a fatores conjunturais, susceptíveis a mudanças de curso, como fortes entradas de capital, crescimento acelerado do crédito e altos preços de commodities.
Mas uma abordagem mais positiva indica um aumento na capacidade dos emergentes de responder a choques externos sem minar a sustentabilidade econômica. É essa a avaliação que o FMI preferiu.
'Muitas economias emergentes e em desenvolvimento adotaram melhores políticas', disse o coordenador do capítulo 4 do WEO, Abdul Abiad.
'Muitas delas adotaram metas de inflação e taxas de câmbio flexível, por exemplo, e as suas políticas fiscais e monetárias são mais contracíclicas que no passado - isto é, estimulam a economia quando ela está fraca, e a controlam quando está superaquecida.', acrescentou.
Nesse sentido, Abiad acredita que o Brasil tem 'maior capacidade de manobra' para reagir a uma 'possível deterioração do quadro externo'.
'(...) o Brasil ainda tem algum espaço para responder com políticas se a desacelação for mais forte que o esperado', afirmou.
Segundo ele, em geral, os países emergentes também construíram para si mais espaço para adotar políticas econômicas, por causa de uma maior folga fiscal em relação ao passado.
Como consequência, os ciclos de expansão se tornaram mais longos e os ciclos de contração, mais curtos e menos profundos, mostrou a pesquisa.
'Esses países estabeleceram um histórico de responder quando a economia se desacelera mais do que o esperado', explicou Abiad.
Resistentes, não imunes
A década passada foi a primeira na história em que os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento passaram mais tempo em expansão e registraram contrações menores que as avançadas. A maior parte deste fenômeno, acredita o FMI, se deve ao acerto no conjunto de políticas.
Mas as últimas duas décadas também viram transformações estruturais como a mudança de composição nos fluxos financeiros para os países emergentes, com ênfase no investimento produtivo; a melhoria da distribuição de renda e o fortalecimento dos mercados internos; a maior abertura comercial; e os padrões de comércio exterior mais favoráveis.
Apesar da conclusão positiva, o relatório também lembrou que estes países não se tornaram imunes aos choques. 'Entre os choques externos, as recessões nas economias avançadas e 'paradas bruscas' nos fluxos de capital têm os efeitos mais profundos', exemplificou um dos autores do capítulo, Jaime Guajardo.
'Estes choques duplicam a possibilidade de encerramento da expansão em uma economia emergentes e em desenvolvimento. O efeito de um choque doméstico é tão forte quanto, se não for até mais forte. As bolhas de crédito duplicam a possibilidade de uma expansão se tornar uma contração no ano seguinte, e as crises bancárias triplicam.'
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Carro elétrico quebra recorde de velocidade


Um carro movido a bateria quebrou o recorde britânico de velocidade em terra para veículos eléctricos.
O Nemesis, um Lotus Exige que foi originalmente comprado no eBay, foi modificado para atingir a marca de 239 km/h.
O carro foi projetado e construído por uma equipe de engenheiros britânicos em Norfolk, e conduzido pelo corretor imobiliário Nick Ponting, de 21 anos.
Mesmo em alta velocidade, o veículo só emite sons oriundos de seu atrito com o vento e dos pneus com o asfalto.
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Cabo Bruno é morto a tiros em Pindamonhangaba


Florisvaldo de Oliveira, o cabo Bruno, ex-policial militar e recém-saído da prisão, foi morto a tiros, no final da noite desta quarta-feira (26), na porta da casa onde morava, no bairro Quadra Coberta, em Pindamonhangaba (SP), no Vale do Paraíba.
O crime ocorreu 34 dias após Florisvaldo deixar a cadeia e dar continuidade, fora dela, à vida de pastor evangélico. Eram 23h45 quando a vítima, acompanhada de parentes, voltava de um culto em Aparecida, município vizinho, e foi surpreendida pelos criminosos em frente à casa da família.
"Segundo testemunhas, eram dois homens que chegaram a pé e atiraram somente contra ele (Florisvaldo). Não foi anunciado assalto. Havia um carro próximo do local, possivelmente utilizado pelos atiradores na fuga. Não temos pistas ainda sobre a autoria. Provavelmente foi um crime de execução, porém isso ficará agora a cargo da Polícia Civil investigar", afirmou o tenente Mário Tonini, da 2ª Companhia do 5º Batalhão da Polícia Militar.
Cabo Bruno não chegou a ser socorrido, pois morreu no local. Segundo a polícia, nada foi levado dele ou das demais pessoas. A perícia esteve no local do crime e recolheu algumas cápsulas de pistola ponto 40, mesmo calibre utilizado pela Polícia Militar, e outras calibre 380. Florisvaldo de Oliveira havia deixado a penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, a P-2, de Tremembé, após cumprir 27 anos de prisão.
O ex-policial foi acusado e condenado por participação em mais de 50 assassinatos na década de 1980 na capital paulista, quando integrava um esquadrão da morte. Nos anos de cárcere, Florisvaldo converteu-se ao cristianismo, tornou-se pastor evangélico e se casou com uma cantora gospel.
No dia 23 de agosto, cabo Bruno foi beneficiado pelo indulto pleno para o restante da pena, já que ele era condenado a 120 anos de prisão, havia cumprido mais de 20 anos e tinha bom comportamento. O assassinato foi registrado no Distrito Policial Central de Pindamonhangaba, onde será investigado.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Vulcão entra em erupção na Guatemala

Vulcão Fuego lança colunas de fumaça na Guatemala. (Foto: Stringer/EFE)
Mais de 30 Mil pessoas tiveram que sair de suas casas.

O vulcão Fuego, a 50 quilômetros da Ciudad de Guatemala, a capital da Guatemala, entrou em erupção nesta quinta-feira (13). Já é a sexta vez neste ano que o vulcão entra em atividade.Houve fortes explosões e lançamento de grossas camadas de fumaça, que alcançaram mais de 1.000 metros sobre a cratera. Fuego é um dos vulcões mais ativos do mundo, com registro de mais de 60 erupções. De acordo com a BBC News, a erupção de hoje é a maior desde 1999. Funcionários do Instituto Nacional de Sismologia, Vulcanologia, Meteorologia e Hidrologia, na Guatemala, disseram que a lava já estava cobrindo uma área de 7 km ao sul e sudoeste do vulcão.  As autoridades de Defesa Civil decretaram alerta vermelho e obrigaram a evacuação de cinco comunidades vizinhas. Mais de 30 mil pessoas tiveram que sair de suas casas.

Misturar igreja com política partidária “extrapola a lei e o ideario republicano”


Um dos principais estudiosos do neopentecostalismo no Brasil, o sociólogo Ricardo Mariano, não vê novidade na aproximação entre a Igreja Universal, o PRB e a candidatura de Celso Russomano, líder nas pesquisas de intenção de voto em São Paulo. Na entrevista abaixo, ele observa que a Universal está envolvida com a política desde o final da década de 1980, participando diretamente de campanhas majoritárias e também para vereadores e deputados estaduais e federais, além de patrocinar a formação de partidos.
A principal novidade deste ano, segundo o especialista, é o acirramento da disputa política, partidária e midiática entre evangélicos e carismáticos, o que resulta na ocupação religiosa da área pública num ritmo cada vez maior. Na avaliação dele, é um quadro que contraria o ideario republicano, que pressupõe a separação entre igreja e Estado, entre religião e política.
Mariano é doutor em sociologia pela USP e autor do livro Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil. Ele coordena o o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
A seguir, os principais trechos da conversa com o estudioso.
Como o senhor vê o enorme destaque dado às igrejas evangélicas nas eleições deste ano?
O ingresso organizado dos evangélicos na política não é novo. Desde a segunda metade da década de 1980 ficou evidente o interesse desses religiosos pela política partidária, muito ávidos por recursos públicos, emissoras de rádio e TV, barganhas e alianças com candidatos e partidos e governantes. Eles participaram dos debates da Assembleia Constituinte, ajudaram o José Sarney a ampliar o mandato de quatro para cinco anos – em troca de concessões de emissoras e rádio e verbas públicas. No segundo turno das eleições de 1989, Fernando Collor de Mello conseguiu o apoio esmagador dos pentecostais contra a candidatura lulopetista. De lá para cá, a instrumentalização recíproca entre esses grupos, sobretudo pentecostais e neopentecostais, com candidatos, partidos e governantes tem se intensificado.
Em 1989 eles fizeram campanha contra Luiz Inácio Lula da Silva.
No segundo turno. No primeiro, como existiam vários candidatos, dentro de um leque variado, que incluía Lula, Collor, Mário Covas, Ulisses Guimarães, Leonel Brizola, o ativismo eleitoral dos evangélicos não apareceu. Nenhum candidato conseguiu galvanizar seu apoio. No segundo turno, porém, havia o temor, estimulado pela candidatura do PRN (extinto partido de Collor), de que Lula, numa aliança diabólica com o setor progressista da Igreja Católica, iria tolher a liberdade religiosa. Falava-se que os templos seriam transformados em armazéns e que os evangélicos seriam perseguidos e fuzilados em paredões.
Esses boatos tiveram repercussão nas outras vezes em que Lula se candidatou?
Sim. O mesmo temor apareceu em 1994 e 1998. Foi só em 2002, no segundo turno da eleição presidencial, que o PT conseguiu apoio evangélico pra valer entre igrejas pentecostais. A Igreja Universal do Reino de Deus declarou apoio a Lula, enquanto a Convenção Geral da Assembleia de Deus do Brasil, do Belenzinho, em São Paulo, ficou ao lado de José Serra (PSDB). O líder da Assembleia era malufista, mas, quando Paulo Maluf passou a ter presença rarefeita nas disputas eleitorais, ele passou a apoiar os candidatos do PSDB. Tem feito isso sistematicamente. Nunca apoiou o PT, nem vai apoiar.
Qual a principal novidade que o senhor detecta em anos mais recentes?


A novidade é que a ala carismática católica agora também está empenhada na eleição de candidatos com identidade católica. Uma vez que o Vaticano proíbe o lançamento de candidaturas de padres e bispos, leigos estão sendo estimulados a se candidatar com plataformas baseadas na moral e na doutrina social da igreja. O crescimento pentecostal – do ponto de vista demográfico, institucional, partidário, político e midiático – levou a Igreja Católica a uma contraofensiva, a uma concorrência tanto religiosa, quanto midiática e política. Essa concorrência entre pentecostais e católicos estimulou a ocupação religiosa da esfera pública.
Em que momento o senhor detecta o início dessa concorrência?
Até o início dos anos 90, a Igreja Católica não tinha emissoras de TV, muito menos redes. Mas, a partir de 1993, com a criação da Rede Vida, o quadro mudou: hoje os católicos têm três redes nacionais de TV e um número crescente de emissoras. Vale notar que a Igreja Católica já tinha a maior rede de rádios no País. Houve, portanto, um estímulo ao avanço na mídia eletrônica, sobretudo na TV.
E isso extrapolou para a política?
Sim. Há um ativismo crescente nas eleições e na política partidária, ainda que, tradicionalmente a Igreja Católica se apoie mais em seu lobby para a defesa de interesses institucionais e morais.
Como vê essa ocupação religiosa da esfera pública?
Olhando as principais ideologias do século 19, o socialismo, o positivismo, o liberalismo, o republicanismo e outras, observamos que todas propõem a autonomia do Estado e da política em relação à religião. O socialismo e o positivismo previam, inclusive, o fim da religião. O liberalismo e o republicanismo sempre tiveram como meta o estabelecimento de uma autonomia recíproca entre Estado e igreja, religião e política. Havia um esforço para a criação de valores laicos, seculares, em torno da cidadania, da república, das liberdades democráticas.
E o caso brasileiro?
Nossa república também nasceu sob esse signo. O modelo que adotamos foi um mix dos modelos francês e americano, com separação entre igreja e Estado. Até o fim do Império, o catolicismo era a religião oficial do Estado e também era tutelada por ele, o que significa que não tinha plena liberdade de ação. Com a constituição republicana ela passa a ter liberdade de ação e adquire um poder imenso, na Primeira República. Para a Constituinte de 1934 foi criada a Liga Eleitoral Católica, que elegeu muitos representantes da própria igreja. Em seguida, no texto constitucional, ela conseguiu uma série de privilégios. Um dos mais importantes foi o princípio de colaboração recíproca entre igreja e Estado em benefício do chamado bem comum. Isso foi mantido na Constituição de 1988, embora com outra formulação. No mesmo artigo em que aparece a separação entre igreja e Estado, vedando a concessão de subsídios e a realização de alianças com grupos religiosos, aparece esse princípio da colaboração. Nos anos 30, 40, 50 e outros, esse princípio de colaboração recíproca significou sobretudo uma série de subsídios para escolas católicas, hospitais, obras assistenciais.
Não havia pluralismo religioso.
Nas últimas décadas, sobretudo a partir dos anos 80, é que o pluralismo religioso passa a vigorar de fato no Brasil e a Igreja Católica se vê tendo que competir no mercado religioso. Com o avanço pentecostal, os privilégios concedidos aos católicos começam a ser contestados.
Não há reação a esse avanço do religioso sobre o público?
Há uma contestação crescente de setores laicos ou seculares da sociedade brasileira, envolvendo parte da imprensa, educadores, cientistas e ateus. Eles são minoritários mas estão se organizando. Os movimentos feministas e homossexuais aparecem entre os principais rivais dessa crescente ocupação religiosa da esfera pública, sobretudo no campo político partidário. Não é um movimento articulado, que junte todos esses grupos e movimentos, mas há uma grita crescente, defendendo sobretudo a laicidade do Estado. O mote central de todos os contestadores é a defesa da laicidade.
Em São Paulo, nos últimos dias, surgiram notícias de igrejas transformadas em comitês eleitorais.
Isso não é de agora. Há algum tempo temos visto a transformação de templos em comitês eleitorais e fundação de partido por igreja. O Celso Russomano, em São Paulo, é filiado ao PRB, partido que foi criado pela Igreja Universal. O presidente do partido é da Universal e toda a base de cabos eleitorais dessa candidatura é de gente da Universal. São fiéis, pastores, obreiros da Igreja. É um negócio impressionante: você tem um igreja que criou um partido, que tem uma concessão pública, uma rede de TV, a segunda mais importante do País, apoiando um candidato que tinha um programa nessa TV e que foi lançado por esse partido.
Como vê isso?
Legalmente, as igrejas estão proibidas de dar apoio eleitoral. Mas isso tem sido feito. A Igreja Universal apoiou o Collor em 1989 e teve problemas com a Justiça Eleitoral. Isso ocorreu também nas campanhas de Crivella (Marcelo Crivella, bispo da Universal, atual ministro da Pesca), no Rio, para prefeito e governador. Não é de agora que a Universal funciona como comitê, às vezes para candidaturas majoritárias, como nos casos de Collor, Crivella, Russomano, mas, sobretudo, para seus candidatos a vereador, deputado estadual e federal. A Universal elege uma bancada própria, composta por representantes de seu partido e de outras legendas. Quando se pensa na ideia de República, que pressupõe a separação entre igreja e Estado, entre religião e política, essa mistura que estamos vendo extrapola a lei e o ideario republicano.



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Áreas protegidas cobrem 13% das terras do planeta, diz estudo

JEJU, Coreia do Sul, 7 Set (Reuters) - Áreas de proteção ambiental cobrem 12,7% da superfície terrestre do planeta, ainda abaixo dos objetivos traçados pela ONU, enquanto a América Latina lidera o ranking das regiões com maior área protegida, revelou um estudo global divulgado nesta sexta-feira.

Segundo o relatório "Planeta Protegido", áreas destinadas a parques nacionais e outros tipos de reservas ambientais cresceram ante os 8,8% registrados em 1990.
As entidades que organizaram o estudo avaliam, no entanto, que áreas protegidas oficialmente não significam que na prática esteja ocorrendo conservação dos recursos naturais.


Uma das metas definidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), assinada por membros das Nações Unidas, é de que 17% do território do planeta estejam sob proteção até 2020.
"Áreas protegidas têm contribuído significativamente para a conservação da biodiversidade, e um aumento em sua cobertura e efetividade é vital para prosperidade do planeta e das comunidades no futuro", disse a diretora-geral da União Internacional para a Conservação da Natureza, Julia Marton-Lefèvre, durante o Congresso Mundial da Natureza, em Jeju, na Coreia do Sul.
O levantamento mostra que a América Latina tem 20,4% de suas terras protegidas oficialmente, acima da média das regiões em desenvolvimento --13,3% de área protegidas-- e das regiões desenvolvidas do planeta, que têm 11,6% de suas áreas protegidas.
"Para atingir a meta de 17% estabelecidas pela CDB com áreas nacionais protegidas, mais 6 milhões de quilômetros quadrados de áreas terrestres e de águas continentais terão que ser reconhecidos como protegidos, uma área 10 vezes o tamanho de Madagascar", disse o relatório.
O estudo também trata de áreas protegidas no oceano, onde a meta está mais longe de ser cumprida. Atualmente, 4% de áreas de oceano sob jurisdição de países estão protegidas, enquanto a meta até 2020 é de 10% da área.
Efetividade
Reportagem da Reuters publicada no início de agosto, mostrou que mudanças adotadas na gestão da presidente Dilma Rousseff promoveram um recuo na política ambientalista progressista do governo federal de quase duas décadas, incluindo a transferência, da noite para o dia, da autoridade ambiental a governos estaduais e municipais, responsáveis --entre outras coisas-- pela fiscalização de áreas de preservação.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Araquém Alcântara faz workshop de fotografia na Patagônia chilena


Programa acontece no feriado de 12 de outubro e inclui 20 expedições diferentes pela região.

por Marcela Puccia Braz
Fonte: NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL


O fotógrafo brasileiro Araquém Alcântara ministrará um safári fotográfico na Patagônia chilena durante o feriado de 12 de outubro. O workshop é parte de um pacote do The Singular Patagonia, hotel-butique localizado em Puerto Natales, extremo sul do Chile.
O programa, voltado para amadores, inclui dois safáris e duas palestras teóricas sobre fotografia. As 20 expedições diferentes que podem ser escolhidas exploram fiordes, montanhas, glaciares, estâncias e bosques com diferentes níveis de exigência e duração.
Cavalgadas, caminhadas, caiaque, navegação e observação de aves estão incluídas na seleção.
Araquém Alcântara - Foto: Divulgação The Singular Patagonia Hotel
Além das aulas, as quatro noites de hospedagem têm pensão completa, traslados de Punta Arenas, expedições diárias com acompanhamento de guia e uso das instalações do spa. O preço parte de US$ 1.720 por pessoa, em apartamento duplo, e não inclui passagens aéreas.
Araquém Alcântara, que assina a edição especial Bichos do Brasil, da revista NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL, é um dos mais importantes fotógrafos de natureza do país. Alcântara também assina, entre mais de 40 obras, o Terra Brasil, livro de fotografia cujas vendas ultrapassaram a marca de 100 mil exemplares.

Dilma anuncia redução de 16,2% no preço da energia elétrica residencial

Para as indústrias, queda será de até 28%; presidente ainda criticou administradoras de cartão.

Tânia Monteiro, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O governo vai reduzir em 16,2%, em média, o preço da energia elétrica para os consumidores residenciais. Para a indústria, o corte será de até 28%. Os descontos, no entanto, só entram em vigor no início do ano que vem.
O anúncio foi feito pela presidente Dilma Rousseff, em pronunciamento oficial transmitido em cadeia obrigatória de rádio e TV na noite de ontem, em comemoração ao aniversário da independência do País. Em sua fala, que durou 11 minutos e 32 segundos, a presidente Dilma fez ainda uma dura cobrança às administradoras de cartão de crédito para que reduzam as taxas de juros cobradas dos consumidores e avisou que "não descansará" enquanto isso não acontecer.


Depois de comemorar a redução da taxa de juros básica da economia (Selic), hoje em 7,5% ao ano, a presidente exigiu maior empenho do setor financeiro para reduzir os encargos aos consumidores. "Isso (o corte da Selic) me alegra, mas confesso que ainda não estou satisfeita porque os bancos, as financeiras e, de forma muito especial, os cartões de crédito podem reduzir ainda mais as taxas cobradas ao consumidor final, diminuindo para níveis civilizados seus ganhos", desabafou a presidente. "Sei que não é uma luta fácil, mas garanto a vocês que não descansarei enquanto não vir isso se tornar realidade", emendou.
A cobrança foi feita no mesmo dia que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal anunciaram cortes nos juros do cartão, de 30% em média no caso do Banco do Brasil e de até 58% no caso da Caixa. Os bancos públicos têm saído à frente em ações que o governo quer que sejam seguidas pelos bancos privados. Foi assim com a redução de juros de empréstimos e cheque especial.
Dilma alertou ainda em seu pronunciamento que "também não descansará" na busca de novas formas para diminuir impostos e tarifas, sem causar desequilíbrio às contas públicas e sem levar prejuízo às políticas sociais. Após lembrar medidas que têm sido adotadas pelo governo para restabelecer a capacidade produtiva do País, com redução de impostos em vários setores, a presidente falou da crise internacional, citando que o Brasil, apesar de sofrer uma "redução temporária" do crescimento, não enfrentou desemprego, nem perda de direitos trabalhistas ou de salário dos trabalhadores. "Somos um dos poucos países que houve ganho real de salário."
A presidente Dilma fez questão de dar uma explicação sobre os motivos que levaram o governo a reduzir mais o preço da energia para o setor produtivo do que para o consumidor. Ela disse que, no caso do setor produtivo, a diminuição da conta chegará a 28% "porque os custos de distribuição são menores". Esse fato, justificou, "torna o setor produtivo mais competitivo".
Salientou ainda, o significado da palavra competitividade, que está sendo buscada pelo governo, para incorporar ao tripé: estabilidade, crescimento e inclusão social. Para a presidente, a queda no custo da energia que será obtida beneficiará as exportações e ajudará a evitar demissões.
Segundo Dilma, a redução dos preços da energia não é a única adotada pelo governo para reduzir o custo da produção, aumentar o emprego e reativar a economia. Em seguida, citou o plano de R$ 133 bilhões de investimentos em ferrovias e rodovias e lembrou que um programa de melhoria na eficiência de portos e aeroportos está sendo preparado.
O anúncio oficial do pacote de energia, inclusive com a renovação de algumas das concessões de hidrelétricas será feito no Palácio do Planalto, na próxima terça-feira, às 11 horas. A redução será possível graças à desoneração de impostos federais do setor, assinada pela presidente, em medida provisória a ser encaminhada ao Congresso. O governo desejava que os Estados também tivessem contribuído, com diminuição de seus impostos, para que o benefício fosse ainda maior, mas não obteve sucesso.
Críticas a FHC
A presidente também atacou o modelo de privatização do governo Fernando Henrique Cardoso. "Ao contrário do antigo e questionável modelo de privatização de ferrovias que torrou o patrimônio público para pagar dívidas e ainda terminou por gerar monopólios, privilégios, frete elevado e baixa eficiência, o nosso sistema de concessão vai reforçar o poder regulador do Estado, para garantir qualidade, acabar com os monopólios e assegurar o mais baixo custo de frete possível", declarou a presidente em seu discurso, se referindo à Rede Ferroviária Federal RFFSA, privatizada por Fernando Henrique.

No encerramento de seu pronunciamento, Dilma disse ainda que quer negociar uma mudança no sistema de impostos brasileiro. "Estou disposta a abrir um amplo diálogo, com todas as forças políticas e produtivas para aprimorarmos o nosso sistema tributário." 

sábado, 1 de setembro de 2012

Japoneses treinam para reagir em caso de terremoto


Simulações de desastres envolveram militares e civis em todo o país. 

Crianças ensaiaram normas de comportamento.

Helicóptero participa de treinamento de resgate de vítima no mar no porto de Yokohama neste sábado (1º) (Foto: Kyodo/AP)
Militares e civis realizaram neste sábado (1º) um grande treinamento antiterremoto no Japão. Crianças foram mobilizadas em todo o país para aprender como reagir em caso de um grande tremor. Foram ensaiadas normas de comportamento e manipulação de feridos. (Foto: Itsuo Inouye / AP Phot
Fonte: http://g1.globo.com/mundo

Petróleo e veículos prejudicaram desempenho da indústria, diz IBGE


Indústria teve queda de 2,5% no 2º trimestre, de acordo com dados do PIB.
Consumo das famílias e contratação de servidores contribuiu positivamente.


Com recuo de 2,5% frente aos três meses anteriores, a indústria foi o destaque negativo no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre deste ano – que cresceu 0,4% ante o trimestre anterior, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os setores mais prejudicados foram as indústrias de transformação e extrativa mineral, que "encolheram" 2,5% e 2,3%, respectivamente. Segundo Rebeca de La Rocque Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, na indústria extrativa mineral houve queda na extração de petróleo e pouco aumento na produção de minério de ferro.
Já na indústria de transformação a queda foi na produção nos veículos automotores, uma vez que as concessionárias estavam com seus pátios cheios e diminuíram a produção. Também a produção de vestuário caiu, na medida em que aumentaram as importações de roupas. "Com altos estoques, as montadoras aproveitaram para vender mais, sem efeito imediato sobre a produção", disse Rebeca.
Investimentos
O mau desempenho da indústria, segundo a pesquisadora, foi o principal responsável pela queda de 0,7%  na taxa de investimento (formação bruta de capital fixo) em relação ao primeiro trimestre de 2012. O mesmo indicador teve retração de 3,7% em relação ao segundo trimestre de 2011.
O dado positivo do PIB veio da maior ocupação na administração pública e do consumo das famílias. "A produção de caminhões teve uma queda bastante expressiva", disse a analista do IBGE.O setor de produção de máquinas e equipamentos é o que mais pesa no cálculo dos investimentos, segundo Rebeca – e foi o segmento mais foi abalado pela queda de produção, tanto em automóveis como, principalmente, em caminhões, que tiveram sua produção diminuída devido ao aumento de custo para troca de motores de modo a atender a exigência oficial de menor emissão de gases poluentes. O desempenho da construção civil, que teve queda de 0,7% em relação ao trimestre anterior, não foi suficiente para melhorar o resultado dos investimentos, explicou Rebeca. A pesquisadora disse que a queda em volume da formação bruta de capital fixo influenciou a taxa de investimentos que caiu para 17,9% no segundo semestre de 2012, quando marcou 18,8% em igual período do ano anterior. As exportações também registraram queda (-3,9% contra o trimestre anterior e -2,5% em relação ao segundo trimestre de 2011), segundo Rebeca, principalmente pelo baixo preço das commodities. Os produtos com maiores quedas foram café, petróleo, carvão e metais não ferrosos, segundo a pesquisa do IBGE.

Consumo das famílias cresce
O segmento de serviços, no qual se encaixa a administração pública, foi o que mais cresceu tanto em relação ao trimestre anterior (0,7%) como frente ao mesmo período do ano passado (1,5%). Dentro do segmento, também teve influência na formação do PIB o bom desempenho do setor de seguros, explicou Rebeca Palis. Rebeca explica que é no segundo ano de um novo governo que as contratações no serviço público tendem a crescer. Além disso, o segundo trimestre de 2012 concentrou essas contratações também porque a lei eleitoral proibe a contração de servidores nos meses que antecedem as eleições, que acontecem em outubro. Outro destaque positivo que ajudou no resultado do PIB do segundo semestre foi a agricultura, segundo Rebeca. Se no primeiro trimestre problemas climáticos prejudicaram as safras, principalmente a de soja, o segundo trimestre começou com uma safra de café que, segundo Rebeca, promete ser “altíssima”. As safras de milho e algodão também contam para o bom resultado na agricultura brasileira.


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