quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A tímida virada de Obama no debate de menor peso


Mitt Romney e Barack Obama respondem a uma questão durante o último debate presidencial antes da eleição (Foto: Win McNamee/AP)
O presidente se mostrou mais firme que o republicano Mitt Romney no duelo sobre política externa, mas sabe que isso conta pouco para um eleitor interessado em saber como cada candidato pretende criar mais empregos.
A duas semanas das eleições americanas, a disputa entre o presidente Barack Obama e o rival republicano Mitt Romney volta ao que mais interessa ao eleitor: economia, empregos e redução do déficit público. O embate cara a cara terminou na noite desta segunda-feira (22), na Flórida, com o último dos três debates presidenciais. Diante do tema, política externa, era até previsível que Obama demonstrasse mais segurança que seu oponente. Afinal, ele tinha alguns trunfos a apresentar. Osama Bin Laden foi morto em seu governo, a guerra no Iraque está formalmente encerrada e a retirada do Afeganistão está a caminho. Romney bem que tentou enfatizar a ideia de que os Estados Unidos de hoje são vistos com fraqueza por quem deles esperava força – e cobrou do presidente um tratamento mais duro em relação às ambições nucleares do Irã de Mahmoud Ahmadinejad. Ainda assim, as pesquisas pós-debate com os telespectadores deram uma vitória tranquila de Obama – 48% a 40% pela CNN e 53% a 23%, segundo a CBS. Não foi para tanto, até porque o peso da vantagem do presidente no duelo da Flórida é diminuído pelo grau de interesse do eleitor em assuntos externos.
Segundo pesquisa do Instituto Gallup divulgada pouco antes do debate, apenas 4% dos americanos veem o foco no exterior como a questão mais importante das eleições. Outros 3% consideram as guerras no Iraque e no Afeganistão. Esses porcentuais os colocam como assuntos marginais diante do que está no topo das preocupações. A “economia em geral” lidera com 37%, seguida pelo desemprego, com 26%. Depois aparece o déficit público, com 12%. Não por acaso, tanto Obama quanto Romney fizeram de tudo para enxertar esses assuntos no debate, repisando o que disseram nos dois encontros anteriores. Foram 25 minutos de discussão não-relacionada à política externa, um tempo considerável num debate de 90 minutos. Em um certo momento, os candidatos se estenderam tanto na questão da utilidade de contratar mais professores para fazer a economia crescer que o mediador, Bob Schieffer, pediu: “Vamos voltar à política externa”. Não adiantou muito, pois logo à frente eles tornaram a falar de redução de déficit, corte de impostos, índice de desemprego e competitividade.
Romney ao menos tentou associar questões domésticas às externas. Disse que o déficit crescente torna a imagem dos EUA mais frágil no exterior. E usou a mesma ideia da fraqueza para justificar seu plano de aumentar em US$ 2 trilhões os gastos com as Forças Armadas. O candidato republicano disse a Obama que a Marinha tem seu menor número de embarcações desde 1917. A comparação é imprecisa, pois naquela época eram contados barcos que hoje nem mais fazem parte da frota. Evidentemente, muita coisa mudou em armamento naval ao longo de quase 100 anos. Bem-humorado, Obama não perdeu a chance de responder com sarcamo à longínqua referência de Romney: "Também temos menos cavalos e baionetas, pois a natureza das nossas Forças Armadas mudou." O interesse de Romney em falar de investimentos na Marinha parece ter um alvo específico: o Estado da Virgínia, na Costa Leste. Lá ficam os principais estaleiros do país, de onde saem os porta-aviões americanos, e a base naval de Norfolk é a maior do mundo. A Virgínia é um dos Estados-pêndulo, aqueles em que a disputa está indefinida (as pesquisas apontam empate em 48%), e dará ao vencedor 13 votos no Colégio Eleitoral. Falar a favor de mais dinheiro para a Marinha pode ser decisivo ali.
Aos telespectadores, enfim, ficou a impressão de que os candidatos não queriam perder muito tempo com temas sobre os quais o eleitorado não se importa muito. Por isso mesmo, o melhor desempenho de Obama neste debate não deve mudar muita coisa no cenário das pesquisas, que delineia uma disputa acirrada.
Eleitores americanos à parte, o encontro foi útil para o público do resto do mundo saber como cada um pretende lidar com os temas mais preocupantes da política mundial. Sobre a Síria, nenhum dos dois trabalha com a ideia de usar tropas americanas em uma intervenção militar (em tempos de retirada no Iraque e Afeganistão, isso pegaria mal) e preferem reforçar a parceria com a oposição ao ditador Bashar al-Assad. Romney, que tem a simpatia do premiê israelense Benjamin Netanyahu (ao contrário de Obama), foi mais incisivo na defesa ao aliado do Oriente Médio: “A tensão entre EUA e Israel é lamentável”. Contudo, esquivou-se da pergunta sobre o que faria se Netanyahu lhe telefonasse dizendo que iria bombardear o Irã: “Não vamos entrar em situações hipotéticas”. A grande distinção entre os dois ocorreu quando Bob Schieffer lhes perguntou qual era a grande ameaça à segurança nacional no futuro. Para Obama, “as redes de terrorismo”. Segundo Romney, “o Irã nuclear”. Cada um puxou para seu lado mais conveniente. O presidente quer manter a ideia de que os americanos precisam continuar à caça dos terroristas e que a morte de Bin Laden não eliminou o problema. Romney, por sua vez, insiste no Irã por ser o assunto mais candente em Israel e pelo fato de Obama ter conduzido a questão em banho-maria até agora. No mais, ao público brasileiro chamou a atenção o fato de Romney ter destacado a América Latina como um mercado em que os EUA podem aumentar suas relações comerciais em detrimento da China – contra quem, na visão dele, Washington está travando (e perdendo) uma guerra silenciosa na área comercial.
Em suas considerações finais, Obama disse que agora seguem muitos comerciais de TV para as duas campanhas até o dia 6 de novembro. A corrida pela Casa Branca volta a se focar no que vai mesmo decidir a disputa: economia. Oriente Médio, China, América Latina e todo o resto do mundo aguardam sua vez de voltar à pauta quando o novo (ou o mesmo) presidente dos EUA for conhecido.


Sobrevivente mais velho de Auschwitz morre aos 108 anos

Antoni Dobrowolski, em visita a Auschwitz em 1979; sobrevivente mais velho de campo morre aos 108 anos
O polonês Antoni Dobrowolski, o mais velho sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, morreu no domingo aos 108 anos.
A informação foi divulgada na segunda por funcionários do museu da instalação nazista e confirmada nesta terça-feira pelo filho do ex-detento. Dobrowolski será enterrado na quarta em Debno, no oeste da Polônia
Ele foi levado a Auschwitz em 6 de junho de 1942 por dar aulas em uma escola clandestina, já que durante a ocupação nazista da Polônia os colégios para crianças polonesas estavam proibidos além do ensino fundamental.
O ex-prisioneiro descreveu o campo de concentração de Auschwitz como um lugar "pior que o inferno", onde as autoridades nazistas mataram mais de um milhão de pessoas, em sua maioria judeus, mas também rebeldes poloneses, religiosos, homossexuais e ciganos.
Durante o período em que esteve preso, ele foi transferido também para os campos de Gross-Rosen e Sachsenhausen, de onde saiu quando terminou a 2ª Guerra Mundial, em 1945.
Após a saída dos campos de concentração, voltou para Debno, sua cidade natal, onde foi por muitos anos diretor de uma escola de ensino médio. Durante os cinco anos da ocupação alemã da Polônia, os nazistas mataram cerca de 1,5 milhão de pessoas em Auschwitz, em sua grande maioria judeus.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo

‘Forbes’: EUA estudam se energético Monster mata; ações desabam

A decisão de reguladores dos Estados Unidos de investigarem se o energético Monster tem relação com a morte de cinco pessoas que consumiram a bebida fez as ações da empresa dona da marca (Monster Beverage) caírem fortemente, observa o site da Forbes.
Após a notícia de que a FDA (sigla em inglês para o órgão que regula os setores alimentício e farmacêutico) iria estudar se uma menina de 14 anos teve um ataque cardíaco por causa da cafeína contida na bebida, as ações caíram 7%, e o banco Goldman Sachs rebaixou a recomendação para os papéis, nota o site americano.
Os pais da menina, morta em dezembro passado depois de tomar duas latas da bebida em menos de 24 horas, entraram com uma ação na judicial contra o fabricante. Na última segunda-feira,22, a FDA informou que já estava investigando se cinco casos de morte estariam associados à bebida, mas ainda não comprovou nada.
Segundo o site britânico Daily Mail, a autópsia concluiu que a garota morreu após uma arritmia cardíaca decorrente de “toxicidade de cafeína”. Cada lata de Monster tem 240 mg de cafeína. No entanto, o exame médico notou, também que a menina tinha um distúrbio hereditário que enfraquece os vasos sanguíneos.
A Monster Beverage publicou em seu site uma nota afirmando que “não acredita que seus produtos estejam de alguma forma ligados à morte” da menina.
24 de outubro de 2012 | 7h00
Sílvio Guedes Crespo

Crash! Entenda a crise

O preço delas não parava de subir. Era uma beleza: você aplicava o dinheiro que tinha guardado para dar entrada numa casa e, em coisa de 2, 3 anos, já tinha o suficiente para comprar a casa. À vista. Nunca tinha sido tão fácil fazer dinheiro. E, óbvio, todo mundo queria entrar nessa.
Não, não estamos falando de ações. Nem de nada que aconteceu recentemente. O assunto aqui é um mercado financeiro diferente: o das tulipas, que floresceu (hehe) na Holanda do século 17. Essas flores caíram no gosto dos nobres e endinheirados da Europa logo que foram trazidas da Turquia. As variedades mais raras eram cotadas a preços de fazer inveja a qualquer Rolex ou Louis Vuitton de hoje. A mais cobiçada era uma tulipa de pétalas cor-de-rosa, a Semper Augustus. Em 1624, um único botão custava o mesmo que um sobradinho no centro de Amsterdã (1 200 florins). E os preços iam subindo.
No começo da onda, os floristas só faziam negócios na primavera, quando os bulbos (as raízes de onde nascem tulipas) floresciam. Mas não demorou para que inventassem um jeito de manter o comércio o ano inteiro. Especuladores compravam bulbos dos floristas no inverno e ficavam com eles na esperança de que o preço subisse quando as flores descem as caras. Na verdade eles não levavam o bulbo para casa. Ficavam com um contrato (um “título”, no jargão financeiro) que lhes dava direito ao dinheiro que eles rendessem mais tarde.
Não demorou e passaram a comercializar os próprios contratos. Um investidor que tivesse pago 1 200 florins por um esperando que o bulbo subisse de preço às vezes preferia vender a algum interessado no ato por 1 300 do que aguardar até a primavera. Esse outro sujeito podia achar alguém a fim de pagar 1 400 e vender de uma vez para embolsar o lucro. Uma hora, já tinha gente pegando 1 400 florins emprestados para comprar um bulbo e vendê-lo no dia seguinte por 1 500. Ou seja: conseguindo um lucro sem ter investido nada – é o que os especuladores chamam de “alavancagem”. Um holandês que nem tivesse fundos para pagar o empréstimo conseguia levantar de uma vez só a grana para pagar o que devia e ainda embolsar uns trocados. Bom negócio... Tão bom que as instituições financeiras fazem isso até hoje. Por exemplo: o falido banco americano Lehman Brothers pegava emprestado US$ 30 bilhões para investir para cada US$ 1 bilhão que tinha nas mãos. Se o mercado está quente, cheio de oportunidades, isso garante lucros astronômicos. Mas, se a coisa esfria, vira um investimento quase dos mais arriscados.
Mas vamos voltar a falar de flores. Conforme a especulação dos bulbos crescia, o preço aumentava, já que tinha muita gente querendo comprar. E a coisa começou a ficar idêntica a um mercado de ações. As tulipas raras, que valiam mais, faziam o papel das grandes empresas – aquelas mais seguras para investir, mas que, como já são valorizadas, não sobem tanto.
A cobiçada Semper Augustus, por exemplo. No auge do boom, em meados de 1630, ela subiu 300%, de 2 mil para 6 mil florins. É um aumento semelhante ao que as ações da Vale, a 2ª maior mineradora do mundo, teve na Bovespa nos últimos 3 anos. Já com as flores baratas, o crescimento foi ainda mais vertiginoso. Cada meio quilo de tulipa amarela foi de 20 para 1 200 florins – uma arrancada no mesmo pique das ações que deram mais retorno na bolsa brasileira, como as da siderúrgica Gerdau, que subiram de R$ 4 para R$ 40 em 5 anos.
O mercado de tulipas tinha pegado fogo: se você adquiria um título pelo preço que fosse, sempre aparecia alguém “mais otário” para comprá-lo por um valor maior. Só que fogo não é eterno, posto que é chama. “Mas que seja infinito enquanto dure”, torciam os especuladores. Não foi. Esse mercado só se sustentaria se os preços continuassem subindo até o fim dos tempos. E isso nunca aconteceu na história da humanidade.
O crash das tulipas veio logo que descobriram um monte de fraudes – floristas estavam vendendo contratos falsos, que não davam direito a bulbo nenhum. A desconfiança reinou e ninguém mais queria esses papéis. Quem tinha vendido suas casas e carruagens para investir no dinheiro fácil se viu com as calças na mão. Os contratos viraram “títulos podres”, no jargão dos economistas, sem valor algum.
É exatamente o problema que deu início à crise de hoje. Quebradeiras, por sinal, são tão constantes quanto bons momentos da economia. Não faltaram crises depois da das tulipas: na mesma época, ingleses incautos perderam suas economias em ações suspeitas, de companhias que se ofereciam para caçar tesouros submarinos. Depois, em 1845, milhões de libras viraram fumaça na “bolha das ferrovias” – o equivalente vitoriano à bolha da internet, de 2001. Mas a primeira tragédia especulativa de proporções épicas só viria depois, do outro lado do Atlântico. Vamos para lá.
Grande Depressão
Os americanos viviam o futuro em 1929. Quase tudo o que para as últimas gerações parece parte da natureza era novidade ali. A frota de carros tinha crescido de 7 milhões para 23 milhões. O rádio acabara de chegar. As primeiras companhias aéreas se formavam. O cinema deixava de ser mudo. E a bolsa de valores refletia tudo isso: “O preço das ações atingiu o que parece ser um platô permanentemente elevado”, disse Irving Fischer, um economista de Yale.
Os preços das ações tinham dobrado desde 1928, em grande parte por causa de um novo modo de especulação financeira: grupos de megainvestidores que agiam em conluio para forçar altas nas ações. Quando o mercado estava calmo, eles entravam comprando bilhões, o preço subia, e depois revendiam com lucro para começar tudo de novo. Numa dessas operações, eles fizeram os papéis da gigante Radio City Company (RCA) subir de US$ 95,5 para US$ 160 em 10 dias.
Esses grupos, os trustes de investimento, também tinham ações no mercado. E um investia nos papéis do outro, inflando preços e deixando-os com mais capital ainda para forçar mais altas na bolsa. Para completar, o sistema bancário dava empréstimos aceitando ações como garantia. Esse dinheiro voltava para a bolsa em busca de um lucro alavancado (lembre-se da crise das tulipas: aplicar com dinheiro dos outros é muito mais lucrativo). Chegou a um ponto em que o valor das ações não tinha mais a ver com o valor das empresas, mas com esse círculo vicioso que atulhava dinheiro ali na esperança de fazer mais dinheiro. E o preço das ações subia, em média, 3 vezes mais rápido que os lucros.Era como se essa grana fosse fictícia.
Era isso que o Fed (o Federal Reserve, Banco Central dos EUA) achava. Então eles subiram os juros da renda fixa no final de 1929 para tirar dinheiro de circulação e matar a roda especulativa. Funcionou: depois de um período instável de altas e baixas nas ações, parte dos investidores não quis mais correr riscos e deixou o mercado. Em 3 semanas a partir de outubro a bolsa perdeu quase tudo o que tinha ganho nos 18 meses anteriores. Mas, não, a especulação não foi a única atingida pelo freio do Fed. Com menos dinheiro na praça, em 3 meses a produção industrial caiu 10% e as importações 20%. Nisso a renda da população diminuiu, ninguém conseguia pagar suas dívidas de crediários, muito menos as dos empréstimos garantidos por ações, e os bancos começaram a falir.
Mas aí veio o maior problema: diante da desgraça, o Fed manteve a política de tirar dinheiro de circulação, o que só aumentava a espiral para o abismo. A justificativa era “limpar” a economia. “Isso expurgará o sistema, que está podre”, disse o secretário do Tesouro, Andrew Mellon. “Os padrões de vida altos serão reduzidos. As pessoas trabalharão mais, levarão uma vida mais de acordo com a moralidade. Os valores se ajustarão e os empreendedores recolherão os destroços dos menos competentes.”
Não adiantou: milhares de bancos faliram (sim, milhares) e a economia americana caiu 25% em 3 anos. Um terço dos trabalhadores perdeu o emprego. E os que conseguiam vagas não arranjavam grande coisa: William Capo Durant, fundador da GM que se desligou da empresa em 1920 para virar rei em Wall Street, acabou como lavador de pratos em Nova Jersey. A Europa, que já estava mal das pernas antes de 1929, sentiu mais ainda os efeitos. Das filas de desempregados na Alemanha, por exemplo, nasceu o apoio a Hitler.
As coisas só começaram a melhorar quando Franklin Roosevelt assumiu a Presidência, em 1933, e acabou com a política do “deixe que os incompetentes se danem”, injetando dinheiro no mercado. E a recuperação começou. Primeiro no campo, onde o preço dos produtos agrícolas e matérias-primas subiu e a bonança chegou à cidade. Em 3 meses, a Bolsa de Nova York subiu 70%. Graças à intervenção do governo o mundo voltava a respirar.
Ben Bernanke, atual presidente do Fed, é dos maiores estudiosos acadêmicos da Grande Depressão. Por isso mesmo, fez de tudo para aprovar o pacotaço de US$ 700 bilhões logo que a situação ficou feia, a despeito dos gritos de “deixem que os especuladores se danem” vindos dos próprios americanos. A Europa, também afetada, logo liberou US$ 2,5 trilhões.
Mas a crise de agora é diferente da de 1929. Enquanto aquela foi uma junção de mania especulativa e, num grau muito maior, de uma política suicida do Fed, esta começou de um jeito mais parecido com a história das tulipas na Holanda.
Crise imobiliária
Aqueles contratos das tulipas perderam valor porque ninguém mais sabia se eles eram confiáveis ou não, certo? Foi exatamente o que aconteceu com os títulos de hipotecas nos EUA – títulos nos quais bancos gigantes como o Lehman Brothers mantinham a maior parte dos seus bilhões.
Esses papéis dão direito ao comprador de receber o que as pessoas pagam por suas casas. E, em caso de calote, a casa está lá para garantir a aplicação. Ao longo dos anos 2000, o preço dos imóveis só subia nos EUA, como o das tulipas na Holanda. Então esses títulos eram um bom negócio. O problema é que começaram a construir tantas casas na esperança que o preço delas aumentasse para sempre que já não havia mais quem comprasse. Então passaram a liberar financiamentos até para gente sem renda suficiente para isso – era o agora famoso crédito “ninja” (de No Income, no Job, no Assets, ou seja, para pessoas sem renda, sem emprego e sem bens).
Mesmo com essa abertura ainda faltavam compradores para todos os novos imóveis, e o preço deles começou a cair. Isso destruiu a garantia da aplicação, que era o preço das casas em si. Para completar, veio uma avalanche de calotes no pagamento das hipotecas. O pessoal de baixa renda tinha mais dívidas com suas casas do que poderia pagar. Eles começaram a ser despejados, o número de casas disponíveis aumentou e o preço, lógico, caiu mais ainda. Ninguém mais confiava nos títulos de hipotecas, principalmente nos “ninja”, e eles ficaram sem compradores.
Quando essa crise começou, em 2007, ninguém sabia qual era o tamanho da fatia do mercado que estava enterrada nesses papéis podres. Mas, em setembro, quando o Lehman Brothers, que era o 4o maior banco de investimentos dos EUA, faliu, o mercado ligou a sirene. Nisso os bancos praticamente pararam de emprestar dinheiro a outros bancos. Criou-se uma crise de confiança. Quer entender isso melhor? Os coveiros britânicos ajudam a explicar o que isso quer dizer. A indústria inglesa de serviços funerários, no meio da crise de agora, se recusou a enterrar o corpo de pessoas que não tinham dinheiro para pagar pelo funeral. Como as empresas não sabiam se o governo ia ter fundos para reembolsar os enterros dos pobres, pararam de sepultá-los. É isso aí: do mesmo jeito que eles deixaram de enterrar cadáveres por medo de não receber, os bancos praticamente desistiram de dar crédito. E o sistema financeiro começou a apodrecer. Aí o dinheiro deixou de circular com a velocidade de antes. Com os bancos com menos dinheiro, ficou mais caro para todo mundo levantar empréstimos. Empresas que gastam muito no dia-a-dia, e que precisam de dinheiro emprestado o tempo todo para bancar a produção e a folha de pagamentos, como montadoras de automóveis, começaram a sofrer.
À medida que a crise foi deixando claro que havia um buraco enorme e nada para preenchê-lo, começaram as corridas à bolsa para tirar tudo de lá antes que houvesse uma hecatombe. Mas a própria venda desenfreada de ações gerou uma. O preço das ações evaporou. No pico da crise, a gigante General Motors, ameaçada de falir por causa da falta de crédito, viu suas ações cair 31%.
E agora?
Não tem jeito: o mundo vai pisar no freio, principalmente os EUA. Se isso significar a falência de uma GM, por exemplo, já será um corte de 21 mil postos de trabalho no Brasil – um estádio cheio de desempregados. Se os Zés Bush que moram nos subúrbios do meio-oeste americano deixarem de ter 13 cartões de crédito (a média por família nos EUA), talvez eles pensem duas vezes antes de comprar uma sandália para suas filhas – e isso vai significar menos empregos aqui, já que o Brasil exporta R$ 2 bilhões em calçados para os EUA.
A política mundial também pode tremer: o que o (provável) futuro homem mais poderoso do mundo inspira de esperança em seus eleitores, ele tem de desconfiança da parcela de americanos que não engole um presidente jovem e negro. Caso vença a eleição, assumirá o comando dos EUA com uma bomba nas mãos. E pode perder as rédeas logo no começo do mandato.
O cenário é tempestuoso. Mas nada indica, até agora, que estamos à beira de algo tão pesado quanto a Depressão. Primeiro, porque os Bancos Centrais já mostraram que não vão cometer hoje o mesmo erro daquela época – virar a cara e esperar para ver o que acontece. Segundo, porque hoje os países colaboram entre si de um jeito que era impossível no período entre guerras. “Nos anos 30, os maiores centros financeiros consideraram impossível cooperar para o fim da crise: França e Alemanha estavam num momento de hostilidade e os EUA tinham se retirado dos assuntos internacionais”, diz o economista Jeffry Frieden, da Universidade Harvard.
Além disso, lembre-se de que hoje você é rico, pelo menos comparado ao que seria se o mundo não tivesse crescido tanto. A bolha imobiliária, queira ou não, foi fundamental para que os últimos 5 anos fossem os mais abundantes da história. E isso provocou impactos no mundo inteiro. Tanto que, no Brasil, a classe média virou maioria, com 51,89% da população.
O ponto é que o capitalismo vive de ciclos. E esta crise é só o fim de mais um. A bolha da internet, por exemplo, serviu como semente para a expansão da rede. A das ferrovias, na Inglaterra do século 19, deixou como legado 12,8 mil quilômetros de trilhos, o que barateou o fluxo de mercadorias, gerou milhares de empregos e, de quebra, ajudou os britânicos a sair da recessão que a própria crise provocou. Se esta bolha de agora deixou um legado, foi o de inserir bilhões de pessoas na economia global. E vamos colher mais resultados disso. A questão, agora, é saber quando.
-89% é o quanto caiu a Bolsa de Nova York entre 1929 e 1932. Quem deixou tudo o que tinha lá pensou em se jogar pela janela. Ou o fez.
-57,5% foi a Queda do índice Bovespa entre o seu pico histórico, em maio de 2008 (73 517 pontos) e o epicentro da crise, em 10 de outubro (35 609 pontos).
11,08% em 13 de outubro de 2008, a bolsa de Nova York teve a maior alta da história (936,42 pontos), imediatamente após a pior semana da história – queda de 18%.
735% foi o quanto subiram as ações do Bradesco entre 2002 e maio de 2008. Quem aplicou um carro popular tirou um apartamento.
882% rentalidade de um trabalhador que investiu seu FGTS na Petrobras em agosto de 2000. No mesmo período, o FGTS rendeu 54%.
3 000% é o quanto valorizou uma determinada opção de compra da vale em um dia em 2008 – aMostra do lucro que um derivativo pode dar.


por Texto Alexandre Versignassi

Violência e resistência no sul do Mato Grosso do Sul

Região concentra maior parte dos conflitos gerados pela morosidade do Estado em demarcar e homologar terras de ocupação tradicional.
“Cansamos de esperar, negociar e reunir com a Funai, o governo federal. Declaramos guerra contra a situação em que se encontram a demarcação e homologação de nossas terras: vamos retomar o que é nosso!”. A fala é da liderança Guarani Kaiowá Eliseu Lopes, e traduz os últimos meses de um permanente conflito, sobretudo na região sul do Mato Grosso do Sul, entre comunidades indígenas e fazendeiros invasores do território tradicional Guarani Kaiowá e Nhandeva.
No mês de setembro, duas áreas foram retomadas no sul do estado: os tekoha Arroio Korá e Potrero Guasu, ambos dentro dos limites do município de Paranhos e até então nas mãos de latifundiários criadores de gado. A decisão pelas retomadas foi do Conselho Aty Guasu, que reúne as lideranças, rezadores e anciãos Guarani e Kaiowá. “Essa decisão não tem volta: se tiver que morrer aqui, a gente morre tudo, mas não sai mais”, sentenciou Dionísio Guarani Kaiowá, liderança de Arroio Korá.
Motivos não faltam para a justificar a decisão do Aty Guasu. Entre 1991 e este ano, apenas oito terras indígenas foram homologadas para o segundo maior povo indígena brasileiro, que de acordo com o último levantamento do IBGE é composta por 43 mil indivíduos, perdendo apenas para os Tikuna (AM), com 46 mil indígenas. Itamar Franco (1992-1994) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) homologaram cada um três terras indígenas; Fernando Collor outras duas áreas – 66 outras terras aguardam providências do governo federal. Ao passo que entre 1980 e 2012, foram registrados 28 assassinatos de indígenas motivados pela questão fundiária, apenas na região sul.
O sul do Mato Grosso do Sul é a região com a maior concentração dos conflitos gerados pela morosidade do Estado em demarcar e homologar terras de ocupação tradicional. Da população Guarani Kaiowá, vivem 32 mil indígenas nessa parte do estado, conforme números da Fundação Nacional do Índio (Funai) – localização dos tekoha de Arroio Korá e Potrero Guasu. Estão divididos em 21 terras indígenas e 35 áreas, entre aldeias, reservas e acampamentos.
De acordo com o Ministério Público Federal, desde 2000 correm processos referentes a 15 conflitos graves envolvendo indígenas de áreas não demarcadas e fazendeiros. De 1980 até hoje são mais de 100.
O Cacique Nísio Gomes, do tekoha Guaivyry, está na lista dos mortos na região sul. O corpo da liderança segue desaparecido depois de ter sido levado por pistoleiros no dia 18 de novembro do ano passado, durante ataque ao acampamento indígena no município de Aral Moreira. As investigações da Polícia Federal chegaram a mais de 20 envolvidos, entre fazendeiros, advogados, jagunços e o dono de uma empresa de segurança privada. Todos foram presos, mas mais da metade já voltou às ruas, caso do presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira, Osvin Mittanck.
“Aguardamos já muito tempo pelo governo federal. Não conseguimos mais esperar. São 14, 15, 20 anos. E até mais. Guarani Kaiowá é assim, morre pela terra”, declarou o professor Davi Benites. Pelo visto a espera ainda será maior: não há previsão para a apresentação de relatórios de demarcação e publicações de homologação. Com isso, outro movimento nocivo ao povo parte da Justiça: com a indefinição do processo demarcatório, juízes não aguentam a pressão e solicitam a reintegração de posse aos ‘proprietários’.

Retomadas: Arroio Korá
O Relatório de Identificação da Terra Indígena Arroio Korá, realizado pelo antropólogo Levi Marques Pereira e publicado pela Funai, atesta, em fontes documentais e bibliográficas, a presença dos guarani na região desde o século 18. Em 1767, com a instalação do Forte de Iguatemi, os índios começaram a ter contato com os colonizadores, que aos poucos passaram a habitar a região com o objetivo de mantê-la sob a guarda da corte portuguesa. A partir de 1940, fazendeiros ocuparam a área e passaram a pressionar os indígenas para que deixassem suas terras tradicionais.
Os primeiros proprietários adquiriram as terras junto ao governo do, então, estado de Mato Grosso e, aos poucos, expulsaram os índios, prática comum naquela época. Contudo, os indígenas de Arroio Korá permaneceram no solo de seus ancestrais, trabalhando como peões em fazendas. Outra parte dos Guarani Kaiowá saiu em caminhada, mas não foram muito longe para se manter perto da terra de ocupação dos antepassados.
No dia 21 de dezembro de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva homologou os sete mil hectares da Terra Indígena Arroio Korá. Quebrando o tradicional recesso do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes, oito dias depois do ato de homologação, embargou 184 hectares da área a pedido dos fazendeiros. “O que perguntamos é: por que o processo ainda está parado e qual a razão da Funai não retirar os invasores de todo o resto da terra que não foi embargada? A guerra que nos declaramos é contra essa morosidade. Não vamos aceitar mais tanta demora em devolver nossas terras”, disse Eliseu Guarani Kaiowá.
Sob esse contexto, a retomada foi realizada no último dia 1º de agosto. Cerca de 500 indígenas entraram em duas fazendas instaladas dentro dos 7 mil hectares homologados aos Guarani Kaiowá. Na verdade se tratava de uma única fazenda, porém o invasor de terras da União a fatiou dividindo-a entre os filhos. Logo no início os pistoleiros atacaram os indígenas, que resistiram. Tão logo os atacantes perceberam que estavam em menor número, propuseram um acordo: se os Guarani Kaiowá deixassem a área nada de ruim aconteceria mas se permanecessem, eles voltariam com mais pistoleiros e armas.
“Vieram com tudo depois. Atiraram contra nós durante mais de duas horas. Todo mundo correu e se jogou numa várzea. As balas passavam sobre nossas cabeças”, lembra Dionísio Gonçalves, liderança de Arroio Korá. Na correria, porém, uma Guarani Kaiowá de apenas dois anos se feriu e não resistiu: morreu dois dias depois. Outro indígena, Eduardo Pires, foi pego pelos pistoleiros e segue desaparecido. Com a chegada das tropas da Força Nacional, os jagunços fugiram para o Paraguai; cápsulas deflagradas de três tipos de armamentos foram recolhidas em sacos pelos indígenas e entregue para as autoridades policiais.
Na retomada do tekoha Arroio Korá, a ação de jagunços segue. “Pistoleiros continuam atirando aqui contra nós. A Força Nacional vem, mas eles não ficam com medo. Agora nós também não temos medo e se tiver que morrer aqui, como eu já disse, nós vamos morrer”, declara Dionísio.
No último dia 28 de agosto, pistoleiros atacaram a área atirando contra os ocupantes. Não houve feridos, mas a violência imposta pelos jagunços não respeitou ao menos órgãos federais. Durante o ataque dos atiradores, a comunidade indígena estava reunida com o antropólogo do MPF do estado, Marcos Homero. Em nota, o MPF confirmou o ataque e pediu abertura de inquérito para a Polícia Federal. Com o antropólogo estavam representantes da Funai e agentes da Força Nacional.

Potrero Guasu
Cerca de 500 indígenas Guarani Nhandeva retomaram no último dia 3 de setembro parte dos 4.025 hectares do tekoha (território sagrado) Potrero Guasu, a 10 Km do município de Paranhos. A área está declarada como indígena desde 13 de abril de 2000 e ainda não teve o processo administrativo de demarcação concluído. Desde que foram expulsos de Potrero, há cerca de 40 anos, os indígenas passaram a viver na aldeia Pirajuí – também em Paranhos.
Os indígenas retomaram apenas uma das fazendas instaladas, a Porto Domingos, dentro da terra indígena. Composta, ao todo, por 709 Guarani Nhandeva, a comunidade passou a sofrer constantes ameaças de pistoleiros, sobretudo vindos do outro lado da fronteira. Os pistoleiros foram identificados pelos indígenas como sendo Francisco e Cármelo, a serviço do fazendeiro Luis Bezerra. Francisco, conhecido jagunço da região é paraguaio e abordou os índios a cavalo, efetuando disparo de pistola e ameaçando qualquer índio que atravesse a porteira da fazenda.
“À noite é quando eles vão procurar a gente, mas nós nos escondemos. Não vamos recuar até que a Funai tome alguma providência, não vamos deixar o caso do Nisio Gomes se repetir”, afirma a liderança Eupídeo Guarani Nhandeva. Os criminosos contratados pelos fazendeiros chegaram a erguer um acampamento perto da área retomada e só o desfizeram quando dois pistoleiros foram mortos por um comparsa depois de terem se desentendido – bêbados, os dois indivíduos mortos agrediam um cavalo, desagradando o assassino.
“A gente já esperou muito, eles estão arrancando nossa madeira que serviria para a construção de nossas casas e o gado está comendo nossa grama. Não temos culpa, o governo precisa tomar uma providência”, reitera Eupídeo Guarani Nhandeva.
Próxima ao tekoha Arroio Korá, terra também retomada no último mês, Potrero Guasu tem a demarcação questionada por colonos e fazendeiros na Justiça, mas com decisão favorável à ocupação pela Procuradoria Regional da República da 3ª Região, em São Paulo. “Parte da área inclusive é improdutiva e a área é de ocupação tradicional. Eu nasci nela até que minha família foi expulsa”, explica o professor Davi Benites Guarani Kaiowá.
Expulsos a partir de 1938, em razão de projetos de assentamento, no qual o então estado de Mato Grosso passou a doar terras, os índios foram remanejados para a Reserva do Pirajuí, também em Paranhos, embora fosse composta também por indígenas da nação Guarani, não representava suas terras tradicionais. O que infringiu o direito fundamental da comunidade de Potrero Guasu de viver conforme seu modo de vida tradicional e a ocupar a sua terra, com a qual mantém vínculos históricos e culturais.
Davi saiu de Potrero Guasu com a família quando tinha apenas um ano de idade. Hoje, com 43, se diz feliz com o retorno de seu povo ao território: “Os colonos forçaram a gente a sair. Era muita violência, sabe. A gente sempre teve determinado a voltar”.
Renato Santana
de Brasília (DF)

Nasa afirma que Ártico encolhe, enquanto a Antártida se expande


Washington, 23 out (EFE).- Os satélites da Nasa (agência espacial americana) mostraram dois fenômenos opostos ao detectar que a camada de gelo do Ártico diminui, enquanto a Antártida se expande, segundo um estudo publicado nesta terça-feira.
"Houve um aumento geral na camada de gelo marinho na Antártida, que é o contrário do que acontece no Ártico", afirmou Claire Parkinson, cientista do Centro Goddard da Nasa e autora principal do estudo.
A Nasa indica que entre 1978 e 2010 a extensão da Antártida cresceu em 17 mil quilômetros quadrados a cada ano, mas "esta taxa de crescimento não é tão grande como a diminuição no Ártico", disse a cientista, destacando a diferença geografia que têm os pólos da Terra.
Segundo os dados do estudo, a extensão da camada de gelo do Oceano Ártico em setembro de 2012 era de 3,40 milhões de quilômetros quadrados abaixo da média calculada entre setembro de 1979 a 2000, ou seja, que a área de gelo perdido equivale a aproximadamente duas vezes o Alasca.
O Oceano Ártico está rodeado pela América do Norte, a Groenlândia e a Eurásia, grandes massas de terra que apanham a maioria do gelo que se concentra e se retira ciclicamente segundo a época do ano.
Porém, uma grande parte do gelo mais antigo desapareceu nas últimas três décadas e a cobertura do gelo de verão ficou exposta à água escura do oceano, que absorve a luz solar e se aquece, o que leva à perda de mais gelo.
Pelo contrário, a Antártida é um continente rodeado de águas abertas que permitem ao gelo marinho expandir-se durante o inverno, mas também oferecem menos proteção durante a temporada de degelo.
A maior parte da coberta gelada do Oceano Austral cresce e se retira a cada ano, dando lugar a pouco gelo marinho perene na Antártida.
Os autores do estudo acreditam que o padrão misto de crescimento do gelo e a perda de gelo ao redor do Oceano Antártico poderiam ocorrer devido a mudanças na circulação atmosférica.
"O clima não muda de maneira uniforme. A Terra é muito grande e a expectativa, sem dúvida, seria que houvesse mudanças diferentes nas distintas regiões do mundo", comentou Claire, ressaltando que a descoberta não desaprova a teoria da mudança climática.
Segundo a Nasa, este estudo, que usou dados de altimetria laser do satélite ICESat, é o primeiro a calcular a espessura do gelo marinho no Oceano do Sul inteiro a partir do espaço. EFE

ANP abre edital para 152 vagas

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) publicou o edital de concurso público para o provimento de 152 vagas. As oportunidades são para os cargos de analista administrativo (22), especialista em regulação de petróleo e derivados (115) e especialista em geologia e geofísica (15). As remunerações iniciais oferecidas são de R$ 9.623,20 para analista e R$ 10.019,20 para especialista.
Para o cargo de analista administrativo, as oportunidades são para graduados em Arquivologia, Ciências Contábeis, Jornalismo, Administração e Tecnologia da Informação. Para o cargo de especialista em geologia e geofísica, os candidatos devem possuir graduação específica na área. O cargo de especialista em regulação de petróleo e derivados oferece oportunidades para graduados em Ciências Econômicas, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica, Engenharia Eletrônica, Engenharia Mecânica, Engenharia Mecatrônica, Engenharia Metalúrgica, Engenharia Naval, Engenharia do Petróleo ou em Engenharia de Minas, Engenharia Química, Engenharia Cartográfica, Química Biologia, Ciências Biológicas, Oceanografia, Oceanologia, Engenharia Ambiental e Tecnologia da Informação.
A seleção será composta por prova objetiva, de conhecimentos básicos e específicos, prova discursiva e avaliação de títulos. Para os cargos de especialista, haverá também curso de formação. A data provável para aplicação das provas é 13 de janeiro. Os aprovados serão lotados nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Manaus, Salvador, Belo Horizonte e São Paulo.
As inscrições poderão ser feitas entre os dias 29 de outubro e 19 de novembro pelo site da banca responsável pelo concurso, Cespe/UnB, sob taxas de R$ 80 (analista) e R$ 100 (especialista).

Secretário-geral da ONU diz ter "ciúmes" do rapper PSY

Rapper sul-coreano ensina dança para secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. (Foto: Stan Honda/ AFP)
Nações Unidas, 23 out (EFE).- O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou nesta terça-feira que sente "ciúmes" do sucesso do rapper sul-coreano PSY, autor do tema "Gangnam Style", que há um mês alcançou o recorde de vídeo mais popular do YouTube.
"Tenho um pouco de ciúmes porque há apenas alguns dias as pessoas me diziam que eu era o sul-coreano mais famoso do mundo", brincou Ban enquanto cumprimentava efusivamente o seu jovem compatriota na sede das Nações Unidas, em Nova York.
Em um clima descontraído, o secretário-geral se arriscou até a dançar alguns dos passos popularizados por PSY, que em pouco mais de três meses obteve mais de 500 milhões de visitas no YouTube.
"Estou muito orgulhoso de você. É um rapaz 'cool' e espero que possa acabar com o problema do aquecimento global", disse Ban, fazendo um trocadilho com a palavra que em inglês significa "frio", "refrescante".
O secretário-geral destacou o enorme poder de transformação que tem a cultura e disse que espera poder trabalhar com o rapper e aproveitar seu alcance planetário. EFE

Mudar para Transformar


Do dia do nascimento ao da morte mudamos sem parar. Nada se iguala ao instante passado, nada será parecido no instante futuro. O presente é uma locomotiva de mudanças, avançando sobre os trilhos da nossa vida.
Alguém impaciente dirá: isso é óbvio ululante! O que nada tem de óbvio é esta época que nos toca. Tempo histórico sacudido por uma profunda e global transformação nas tecnologias de informação, conhecimento e comunicação.
Mas, no raso e no fundo, a tecnologia em si mesma é o que menos importa. O que interessa é como lidamos com todo o aparato digital. Como nos movimentamos, tiramos partido e evoluímos em meio às instantaneidades e interatividades.
Atente: o fato de uma pessoa frequentar uma rede social não a torna automaticamente sociável. O fato de um estudante ter a maior biblioteca do universo ao toque dos seus dedos, não o torna automaticamente sábio.
A meu ver, a questão central está mais no ambiente humano configurado pelas jovens tecnologias. Em miúdos: não dá para permanecer o mesmo diante de uma situação nova. Temos que aprender a mudar para compreender onde estamos enfiados.
O ambiente humano-digital não comporta a antiga ordem - escoltada pela rigidez hierárquica, centralização e privilégios. Porque não se trata apenas de trocar um meio por um outro. Se trata de saltar de uma lógica conhecida para outra a ser construída.
estado de mudança em que estamos envolvidos modifica nossos pensamentos. Hoje é impossível ignorar o universo dos outros. Inviável insistir num padrão de comunicação e relacionamento que exclua expectativas, gostos e opiniões. Pois qualquer um pode comentar e influenciar outros tantos.
Está terminando a brincadeira - que durou séculos - de poucos falando para muitos. O jogo da hora é o de muitos falando para muitos. Para viver essa realidade precisamos estar interiormente dispostos a nos transformar.
Nos transformar para acompanhar uma dança que não cessa de flertar com cada visitante que entra no salão. Mas não são as tecnologias-ferramentas que determinam ou determinarão a temperatura da mudança. São as pessoinhas por trás, na frente e ao lado delas.
iPhonografia: Régine Ferrandis, de Paris

sábado, 13 de outubro de 2012

Atentado em mercado paquistanês mata 10


Islamabad, 13 out (EFE).- Pelo menos dez pessoas morreram e 12 ficaram feridas pela explosão de um carro-bomba na cidade paquistanesa de Kohat, de acordo com fontes citadas pela imprensa local.
A explosão ocorreu no mercado Janan em um momento de grande afluência de pessoas e destruiu pelo menos 20 lojas. Os alvos seriam os escritórios regionais do comitê de paz contra os talibãs da região, informaram os veículos 'Dawn' e 'Express'.
Segundo algumas testemunhas, o atentado seria obra de um indivíduo que levava os explosivos em seu veículo, mas a Polícia não confirmou que se trate de um ataque suicida.
Kohat fica muito próxima das conflituosas áreas tribais fronteiriças com o Afeganistão.
Essas regiões, que nunca estiveram sob completo domínio do Estado, servem de refúgio para facções talibãs, grupos jihadistas e membros da rede Al Qaeda.

Copyright (c) Agencia EFE, S.A. 2010, todos os direitos reservados

Incêndio em casa mata 10 na Índia


Nova Délhi, 13 out (EFE).- Dez pessoas morreram neste sábado em um incêndio registrado em sua casa na cidade indiana de Agra, no norte do país, informou a Polícia.
A tragédia ocorreu no bairro de Sewla Jat, afirmou uma fonte policial citada pela agência de notícias 'Ians', que precisou que as vítimas são dois casais e seis crianças.
Ainda não se sabe qual foi a origem do fogo, mas algumas testemunhas disseram ter escutado a explosão de um botijão de gás. A Polícia já iniciou uma investigação para determinar as circunstâncias do caso. EFE

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Egito reabre pirâmides e espera retorno de turistas


O Egito reabriu algumas de suas principais pirâmides que estavam em reforma, e espera voltar a atrair os milhares de turistas que visitavam o país antes do período de protestos e violência, conhecido como Primavera Árabe, que levou à queda do governo de quase 30 anos de Hosni Mubarak.
Desde o ano passado, houve uma forte queda no número de pessoas que visitam o país, por conta da violência e da instabilidade.
Os números ainda são relativamente pequenos, mas as autoridades dizem que os turistas estão voltando aos poucos.
As pirâmides de Chefren e Giza estão novamente abertas ao público, e o clima no país - pelo menos nas regiões turísticas - é de tranquilidade.
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Hospital bombardeado em Aleppo tem cenas de horror


Médicos de um hospital na segunda maior cidade da Síria, Aleppo, acusaram nesta sexta-feira o governo de ter comandado bombardeios aéreos contra o prédio pelo menos 12 vezes, além de vários ataques com artilharia pesada e morteiros.
Um repórter da BBC esteve no local e confirmou que os andares superiores foram totalmente destruídos e se encontram abandonados.
Mais abaixo, a situação é caótica, com poucos médicos e enfermeiras sírios, além de voluntários, tentando atender mais de cem pacientes por dia.
A instituição atende, na maioria, civis feridos por bombas e estilhaços decorrentes do confronto entre governo e rebeldes no país.
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Conselho de Segurança da ONU reduz missão de paz no Haiti


NAÇÕES UNIDAS, 12 Out (Reuters) - O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta-feira a extensão da missão de paz no Haiti por mais um ano, mas reduziu seu tamanho em cerca de 15 por cento, enquanto entrega a responsabilidade da segurança a forças nacionais do país caribenho.
O conselho, formado por 15 nações, aprovou por unanimidade uma redução das forças autorizadas em 1.710 oficiais, para 8.871, como recomendado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
Atualmente há aproximadamente 10.000 integrantes das forças de paz da ONU no Haiti, e Ban recomendou uma retirada gradual a ser concluída em junho de 2013.
O Haiti ainda se esforça para se recuperar de um forte terremoto em janeiro de 2010 que matou cerca de 300 mil pessoas e deixou mais 1,5 milhão de desabrigados.
(Reportagem de Michelle Nichols e Louis Charbonneau)

Confrontos entre liberais e islamitas deixam 110 feridos no Egito


Por Yasmine Saleh e Marwa Awad
CAIRO, 12 Out (Reuters) - Opositores e partidários do presidente egípcio, Mohamed Mursi, entraram em confronto no Cairo nesta sexta-feira, no primeiro enfrentamento violento nas ruas entre facções rivais desde que o líder islâmico assumiu o cargo.
Islamitas e seus opositores jogaram pedras, garrafas e coquetéis molotov, e alguns lutaram corpo a corpo, mostrando como os ânimos ainda estão exaltados entre os grupos rivais que tentam moldar o novo Egito após décadas de autocracia, embora as ruas estejam mais calmas desde que Mursi venceu as eleições, em junho.
O Ministério da Saúde egípcio disse que 110 pessoas tinham ferimentos leves ou moderados em decorrência dos confrontos, informou a mídia estatal.
Um governo está no comando, mas islamitas e liberais estão em desacordo sobre a elaboração da nova Constituição, que deve ser aprovada antes de um novo Parlamento poder ser eleito.
Muitas das milhares de pessoas reunidas na praça Tahrir estavam furiosas com a decisão desta semana de um tribunal que absolveu ex-autoridades acusadas ​​de ordenar um violento ataque de forças leais a Hosni Mubarak contra manifestantes que participavam do levante que depôs o então presidente, no ano passado.
Porém, mesmo antes dessa decisão, opositores de Mursi tinham convocado protestos contra o que eles dizem ser uma incapacidade de cumprir promessas durante os primeiros 100 dias no cargo.
Na noite desta sexta-feira, um comunicado emitido pelo gabinete condenou os acontecimentos dizendo que eles dificultam os esforços políticos e econômicos do governo.
A nota informou que o primeiro-ministro Hisham Kandil "apela a todos os grupos presentes na Praça Tahrir e em outras praças e lugares para que fiquem longe de qualquer ação que possa manchar a imagem do novo Egito".
Não houve intervenção da polícia, que tem sido muitas vezes alvo da ira de manifestantes por causa da brutalidade empregada contra ativistas na revolta do ano passado.
(Reportagem adicional de Mohamed Abdellah, Patrick Werr e Shaimaa Fayed, Omar Fahmy e Ali Abdelaty, no Cairo, e Abdel Rahman Youssef, em Alexandria)

Admirável homem das neves

Um chapéu de couro e um chicote seriam acessórios impraticáveis em seu ramo de trabalho, mas Ranulph Fiennes ainda assim parece um trabalho de ficção.  No entanto, o explorador britânico não só existe como ainda tem coragem que poderia faltar até mesmo para Indiana Jones. Aos 68 anos, Sir Ranulph, título que carrega desde sua condecoração real de 1993, prepara-se para uma perigosíssima e inédita incursão antártica: a partir de janeiro, tentará ser o primeiro homem a cruzar o continente gelado durante o inverno polar. A pé e em meio a períodos de escuridão absoluta e numa época do ano em que as temperaturas no extremo sul da terra atingem 90 graus negativos.
No papel, uma aventura de quase um ano e mais de  3.000km, e cujos riscos vão do fracasso à morte do veterano explorador, que já não é mais um garoto. Mas desafiar ambientes inóspitos é uma especialidade na vida de Fiennes. Reconhecido pelo Livro Guinness dos Recordes como o maior explorador vivo, o britânico é o único ser humano a já ter cruzado os dois polos e escalado o Monte Everest, a mais alta montanha do planeta (esta última façanha em 2009, aos 65 anos). Sir Ranulph é ainda um patrono de causas filantrópicas, tendo arrecadado quase US$ 20 milhões para entidades de caridade. A aventura polar, por exemplo, terá como beneficiária a Seeing is Believing, ONG que trata de casos de cegueira evitável em países pobres.
De quebra, Fiennes em 2003 desafiou a lógica física e médica ao correr sete maratonas em sete dias, em cantos do mundo tão diferentes quanto o Cairo e a Patagônia. Tudo isso apenas quatro meses depois de sofrer um ataque cardíaco e colocar duas pontes de safena. Naturalmente, terminou a empreitada fisicamente e psicologicamente exausto, mas justificou a participação com o simples argumento de que os três dias que passou em coma após o infarto serviram-lhe para criar um senso de urgência. ''A primeira coisa que fiz quando acordei do coma foi conversar com um padre para reclamar de não ter visto luzes brilhantes ou anjos. Continuo cristão, mas agora estou certo de que não há vida após a morte. A vida é curta e não se deve perder tempo com preocupações'', afirma Fiennes.
Ex-agente de elite do Exército britânico, Fiennes também tem no currículo expedições por desertos e rios. Mas foi sobre o gelo que fez seu nome e que agora pretende encarar o desafio máximo. Além de potencialmente mortal para o homem, os rigores do inverno antártico também são um pesadelo logístico para equipamentos e aparelhos. Sir Ranulph e seus companheiros de exibição sequer sabem se gadgets como um detector de falhas no gelo funcionarão da maneira desejada. Porém, depois de ouvir rumores de que exploradores noruegueses, liderados pelo legendário Borge Ousland, estariam se preparando para um assalto de inverno, o britânico resolveu agir.
Foi a rivalidade com Ousland que também levou Sir Ranulph a enfrentar o Everest, apesar de o explorador sofrer de vertigem. Incrivelmente, não foi o primeiro medo que ele precisou superar. Nos tempos em que serviu num regimento especial em Omã, no Oriente Médio, o britânico teve que engolir em seco uma aracnofobia. Inclusive na noite em que uma delas subiu na perna de sua calça, num acampamento no deserto. ''Não podia demonstrar medo ou perderia o respeito de meus comandados'', explica.
Diante de feitos bem mais corajosos, essa pequena fobia seria perdoada...

Globo ocular gigante é encontrado em praia da Flórida


Miami (EUA), 11 out (EFE).- Um enorme globo ocular, de mais de dez centímetros de diâmetro, foi encontrado em uma praia da Flórida, nos Estados Unidos, sem que por enquanto os especialistas saibam a que animal pertence.
A Comissão para Pesca e Fauna Selvagem da Flórida (FWC, na sigla em inglês) detalhou nesta quinta-feira que "o misterioso globo ocular gigante" foi encontrado ontem por um homem enquanto passeava pela praia de Pompano Beach.
O homem se pôs em contato com a FWC, que decidiu preservá-lo no gelo enquanto investiga a que animal pode pertencer.
Os especialistas entendem que se trata de um animal marinho e cogitam a possibilidade de ser de uma lula gigante, uma baleia ou algum tipo de peixe de grandes dimensões.
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