domingo, 18 de novembro de 2012

Obama reafirma: menos impostos para classe média e mais para os ricos


Na primeira entrevista coletiva após ser reeleito, o presidente dos Estados Unidos diz que não vai estender as isenções tributárias da Era Bush para quem ganha mais de US$ 250 mil anuais.
O presidente americano Barack Obama em seu primeiro discurso na Casa Branca após a vitória na eleição. Ele defendeu o diálogo entre democratas e republicanos (Foto: EFE/SHAWN THEW)
O plano de reduzir impostos para a classe média e aumentar a carga tributária aos mais ricos foi o foco do presidente dos Estados UnidosBarack Obama, em sua primeira entrevista coletiva após ser eleito para um segundo mandato, nesta quarta-feira. Antes mesmo de começar a responder às perguntas, Obama afirmou: "Não podemos manter a classe média refém enquando discutimos corte de impostos para os mais abastados". 
O presidente se referia ao mecanismo automático de aumento de taxas para todos os contribuintes americanos e corte de gastos públicos, previsto para entrar em vigor em 1º de janeiro de 2013. As medidas devem causar um "abismo fiscal" para o país, tirando da economia algo em torno de US$ 600 bilhões - isso pode levar os EUA a uma queda de 0,5% no PIB no primeiro trimestre do ano que vem. "Há um prazo muito claro que nos exige tomar grandes decisões sobre empregos, impostos e deficit até o fim do ano. Ambos os partidos votaram para fixar esse prazo, e acredito que ambos também podem trabalhar juntos para tomar essas decisões de uma forma responsável", disse o presidente.
 

Basicamente, Obama quer convencer a Câmara dos Representantes, dominada pelo Partido Republicano, a impedir que o aumento das taxas incida sobre todos. "Se o Congresso não agir, os impostos subirão para 98% dos americanos que ganham menos de US$ 250 mil por ano e 97% dos pequenos negócios que também não arrecadam mais de US$ 250 mil ao ano". Explica-se a ênfase de Obama neste número: os contribuintes e empresas que ganham mais que esse valor por ano são beneficiados por um corte de impostos estabelecido em 2001 e 2003, durante o primeiro mandato de George W. Bush. Obama tentou derrubar essa medida em 2010, mas fracassou por não conseguir negociar com os parlamentares. O pacote já expiraria no fim do ano, e Obama afirmou nesta quarta-feira que não pretende estendê-lo. "Não deveria ser surpresa para ninguém. Isso era uma grande diferença entre mim e Mitt Romney. Quando o assunto era redução de deficit, sempre argumentei por uma abordagem responsável e equilibrada, e parte disso incluía assegurar que os americanos pagassem um pouquinho mais."
Além dos impostos, Obama foi bastante questionado sobre o escândalo envolvendo o general David Petraeus, afastado da direção da CIA após ter sido revelado seu caso extraconjugal com a oficial de reserva do Exército Paula Broadwell. Ele afirmou: "Até agora, não tenho evidência de que informação sigilosa foi vazada de alguma forma que tivesse um impacto negativo em nossa segurança nacional". No entanto, o presidente disse que prefere esperar pela conclusão da investigação do FBI, a polícia federal americana.

A política externa foi pouco abordada na coletiva. Os repórteres perguntaram sobre as investigações das circunstâncias do ataque ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, em outubro, e sobre a crise deflagrada pela guerra civil na Síria. No primeiro tema, Obama afirmou que vai passar "todas as informações possíveis" para o Congresso, que conduz um relatório próprio sobre o incidente que matou o embaixador dos EUA na Líbia, Chris Stevens. A respeito da Síria, Obama elogiou os esforços dos grupos de oposição ao ditador Bashar al-Assad em formar uma coalizão para receber ajuda financeira e militar de fora, mas ainda se mostrou cauteloso. "Nós os consideramos legítimos representantes das aspirações do povo sírio. Não estamos preparados ainda, porém, a reconhecê-los como algum tipo de governo no exílio. Uma das questões em que temos de insistir é assegurar que a oposição esteja comprometida com uma Síria democrática, inclusiva e moderada". Na prática, portanto, nada indica que os EUA promoverão algum auxílio mais efetivo às forças que lutam contra Assad. A França foi o primeiro país a reconhecer, na terça-feira, a oposição síria como representante do país.



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